quarta-feira, setembro 06, 2006

Bolhas de sabão

Os amigos certamente o chamariam de viado se o vissem rindo como uma criança ao tomar seu banho de espuma. Banhos de espuma definitivamente é uma viadagem sem tamanho. Mas mesmo assim ele precisava desses banhos. Ninguém jamais entenderia o que se passava na sua alma durante esse ritual.

A cada bolha que voava quando ele batia freneticamente as mãos na água uma parte dele mesmo voava. Voava, saía dele e estourava, levando uma faceta de sua existência.

Ele sempre imaginava que era como descascar uma tangerina. Não aquelas ponkan grandes, de casca grossa, que numa primeira puxada já praticamente se tirava a casca inteira. Estava mais pra uma murkote, de casca fina, que se descasca com dificuldade e em pequenos pedaços.

Nesse banho já tinham ido as bolhas da autocrítica, da paixão, e do orgulho.

De repente voa uma bolha pequena, toda torta e feia. Ele a abocanha rapidamente. O gosto é amargo, como o sabão. Mas ele não poderia viver sem um pingo de amarga autoestima.